terça-feira, 6 de março de 2007

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Marcondes De Carmo.

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Últimos Trabalhos: Cinema – Os Acompanhantes. Texto de Newton Cannito e dir. Wallace Meireles. 2006.
Teatro: Iracema (José de Alencar). Dir. e Adap. Marks Oliveira. 2004/2005. Paixão de Cristo. Adap e Dir. Marks Oliveira. 2007.
DRT: 18.611/SP.
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CAMINHOS

DA VIDA

E

DO AMOR

(José Marcondes da Silva)

SINOPSE

A história começa numa pequena cidade do interior às margens de um rio, cercado por uma floresta densa, e aves em abundância, onde o escritor Ernesto expressa sua admiração pela natureza e reflete sobre sua próxima história a escrever.
É um drama contemporâneo, situado nesta pequena cidade do interior. Ernesto passa depois para outro ambiente e começa a escrever.
Na medida em que escreve, vão surgindo as personagens: primeiro um rapaz, o Henrique; e depois uma moça, a Cristal. Ambos separadamente expressam seus desejos, medos, dores, prazeres...
Enquanto desenrola a história, nota-se que Ernesto está escrevendo as falas das personagens (da moça e do rapaz). Henrique lamenta-se pelo grande amor que perdeu: a noiva. Enquanto isso, Cristal alimenta a esperança de encontrar um grande amor. Gradualmente a melancolia de Henrique agrava-se e ele tenta o suicídio. Mas depois, alguma esperança, mesmo que remota o aconchega. Ela, de tanto idealizar, se questiona, fica um tanto desiludida.
Ernesto fala filosoficamente do amor, mas também dando uma pincelada, em outros itens da vida. Trata o amor de maneira realista; sem sonhos nem hipóteses, como ele mesmo deixa claro no início. Com uma abordagem fiel à razão, à veracidade.
Na maior parte do tempo estas três personagens atuam separadamente. Até que Henrique e Cristal dialogam com Lázaro, que é um comerciante que integra a história na cena de diálogo, numa pequena loja de antiguidades, esculturas e artesanato... Logo chega Henrique cumprimenta-o amigavelmente, conversam... E enquanto Lázaro ocupa-se com os afazeres da loja, Henrique observa algumas peças na vitrine, e pega a escultura de um busto. Enquanto isto, chega Cristal dizendo já ter reservado aquela peça. Em seguida Lázaro resolve o mal-entendido e faz as apresentações.
Desculpam-se e Lázaro diz já ter falado, e bem, sobre Henrique para a Cristal. Ela elogia Henrique. E para edificar ainda mais este clima, Lázaro oferece a escultura (do mal-entendido) de presente, na condição que seja para os dois. Saem andando devagarzinho, conversando. Ficando clara, a harmonia entre o casal.

CAMINHOS DO AMOR

A HISTÓRIA PASSA-SE NUMA PEQUENA CIDADE DO INTERIOR.

PERSONAGENS DO DRAMA:

ERNESTO: escritor.

CRISTAL: mocinha sonhadora.

HENRIQUE: rapaz melancólico.

LÁZARO: comerciante.

CENA I


NA BOCA DE CENA, CENTRO. DE PÉ, PARADO, ENCONTRA-SE UM SENHOR (DE 35 A 45 ANOS.) FALA COM POSTURA POÉTICA REFERINDO-SE À NATUREZA QUE existe À SUA FRENTE.

ERNESTO - Ah... Esta visão sublime é o que me presenteia com inspiração.
Suas aves, rios, vegetação engrandecem a alma, enobrecem o espírito. A natureza aqui é soberba. Acho que por isto, encontro-me com a alegria em cada esquina. Oh, estes jardins naturais. (PENSA... OLHA AO REDOR) São os arredores da pequena cidade que me criou, vila das artes! Suas condições interioranas me contagiam. Um recanto de privacidade para elevar minha condição de criar. Mas quem filho da grande metrópole é, nem por muito entenderia. Os costumes muito têm este poder, de aprisionar o homem ao que pouco conhece.
Nosso dia começa cedo, não terminando tarde. E o tempo, quando ocioso nos permite conversas simples, sem maior esforço intelectual. Mas de uma sabedoria inata! O conforto de sua calmaria peculiar põe-nos a salvo do estresse. E é toda esta natureza que me impele a compor. (PENSA... AÍ FALA COM ALEGRIA E GARRA) Ernesto! Este é meu nome, que não maior em suas letras, mas infinito em seu propósito artístico. Que tão grande, há de ser! Porque toda existência de meu ser, segue a correnteza para este único objetivo. (PENSA...) Imagino diferentes pessoas. Isoladas nos labirintos do itinerário quotidiano. Camufladas na solidão de suas lembranças, ideais.
(REFLETE) Reflexões são necessárias, quando se navega nas profundidades da alma. Explorando sua capacidade, mistério, fraqueza... E necessário é, de uma complexidade intelectual se servir. Quando a intenção é desvendar os porquês que assolam a relação humana. Em tal tarefa, o cuidado, precisão e cautela, terão seus sentidos exaltados.
De todo poder de estudo, sabedoria e outros necessários, se fazem precisos quando de uma resolução amorosa se trata. O amor é perene. E é disto, que preciso convencer. O que sentes por si! Mais do que o que sentes por alguém, Algo. Demonstrando suas possibilidades e renovações, seu valor. Assim como a destreza de encontrar; como e quando preciso for.
(PENSA...) A dor de quem, de um grande amor foi privado.

AO SEU LADO DIREITO, UM MOÇO (DE 25 A 35 ANOS) SENTADO NO CHÃO, DESCALÇO. CABISBAIXO, TRISTE... COM TRAJES SIMPLES. HÁ UMA GAVETA E FOTOGRAFIAS ESPALHADAS AO SEU REDOR. - PERS. NÃO ESTANDO EM AÇÃO, CONGELA OU APAGA SEU FOCO DE LUZ -.

HENRIQUE - (MUITO TRISTE. FALA PARA O IMAGINÁRIO) Henrique... eu te amo! ...Júlia: eram tais palavras vindas de tua boca, que meus ouvidos entendiam por vida. Um ano com você e seis meses sem, a mim parecem séculos em vez de tão menos. Até então noivos e agora o suficiente para sermos marido e mulher. Malditas sejam as águas de tal rio, que por inveja tirou-me de tua vida, que existirá em alguma parte, (À PARTE) porque a minha, por pouco a terei. Que por motivos ignorados, assim aconteceu. Por quê? Por quê? Minha vida por tanto tempo pareceu minúscula! (PENSA...) dos que me geraram, nunca notícias tive. Criei-me entre irmãos de diferentes pais.

Orfanato era o nome de nosso lar. Quando sai, força e suor deram-me este chão e teto, que me acomodam. Não é muito, mas suficiente, para proteger-me das variações do tempo. Ventilado... Tépido...

ERNESTO - (PENSANDO...).

MUDA O FOCO PARA O LADO ESQUERDO. HÁ UMA LINDA MOCINHA (DE 14 A 18 ANOS), ALEGRE. DANÇA... DIVERTE-SE. – PERS. NÃO ESTANDO EM AÇÃO, CONGELA OU APAGA SEU FOCO -.

CRISTAL – Ah! Se de mais felicidade for possível. O bom parece nunca ser demais. Enquanto o ruim, por ínfimo que seja, já é demasia. Bailar, flutuar, voar... A direção não é digna de estudo. Não precisando pensar, o céu é infinito. Qualquer rumo é o certo. Porque a chave da satisfação mesmo é a liberdade. E viva! Os que à censura não dão ouvidos. A cada passo uma surpresa. Meditar não mais existe. O sorriso a mim pertence. Volúpia...! Licenciosa, desregrada. Isenta de qualquer missão, dever. Dispensada de criticar qualquer estado pueril que se aproxime. Contagie... Conduza...

ERNESTO - (ESCREVE, AÍ PÁRA, PENSA E FALA...) Tanto na vida quanto no amor, existe melancolias e sonhos. Nada é linear, nada é tão certo...Com exceção de uma viagem ao desconhecido e sem volta.Tristeza e ideal. Ambos relacionam-se num mesmo contexto...? Uma mente fértil até diria que se casam.

CRISTAL - (PENSA E FALA, COM AR DE SONHADORA E ALEGRE) O prazer foi todo meu, Cristal! (SUSPIRA...) Ah... Uma paixão, senhora de meus desejos assim impulsionava tais palavras. Diante de um moço, que assim acreditei ser meu. Seu porte não se assemelhava a um artesanal grego nem seus olhos ao mar. Mas sem descrições mais profundas, o simplório de seu coração arrebatou-me. Mas aniversários já fez tais instantes, que ficaram... (PENSA E FALA SERENAMENTE) Calmaria, é muito do que precisa quando se pensa... silêncio. Dar-me tempo e espaço, para afirmar e duvidar, criando-se o como descobrir... (PENSA...) Que meus amáveis pais regozijem-se da verdejante natureza de seu passeio. Não se preocupando com sua única descendência, que com a paz estar. Até mais uma lua, satisfaz-me ouvir o que meu designo diz.

ERNESTO: Nem toda medida é absoluta. O que se generaliza, por bom ou ruim, é a predominância. Ninguém é cabalmente um lado; puro ou impuro. Se não me acreditas, reparai para dentro de si, então descobrireis o que falo, tanto quanto o que sois.

HENRIQUE - Os dias que seguiram seu adeus, eu os tinha como pesadelo. Toda vontade era de acordar. Como se faz isto? Acordar do real! Por mais que diferente pensasse... Era o real que minha natureza captava. Estava lá, apunhalada nas entranhas.
Celeste...! Etérea...! Deveria ser teu nome, Júlia. De infortúnio é meu estado, ao tentar buscar nosso ontem.Enquanto sua fragilidade... Doçura. E às vezes até ingênua, impulsionava-me a um abraço protetor.

Em sua pele e olhos irradiava uma serena sensualidade e fervor... Deleite. No cume de nossas intimidades, a liberdade e o desejo, fundiam nossos corpos. (PENSA...) mais do que qualquer outra coisa, as lembranças me trazem o encontro comigo mesmo. Não é uma comprovação que exista além de meu entender, apenas uma experiência, de habitar em dois diferentes seres, simultaneamente. Remoto a qualquer explicação ou lógica.

ERNESTO - (DIRIGINDO-SE À PLATÉIA) Sou a consciência viva e absoluta, universal. O centro, eixo, equilíbrio. Embora julgado erroneamente, como relativa. Todos que a tem sabem de sua veracidade. E assim emerge de tal forma. Repousando numa base de ponderância e realidade, naturalmente acessível aos que vivem à luz da lucidez. (PENSA...) Não se ver de bom siso, classificar o intermédio neutro, e até indiferente como fazem muitos de vós. Mais do que o centro de um, é o eixo entre ambos. Onde mora a sensatez e temperança? Se não no meio. O equilíbrio! Meditar na extensão destes variados pesos, brota-se o que é a consciência. Não sendo o esteve nem o estará e sim o estou. O juízo. (PENSA...) Com nenhuma experiência das anteriores, iguala-se esta. Fugindo do que o romantismo nos veda, do que os apáticos sentem. Tornando explícito o que nossas almas sussurram. E além destas... A lógica, que nos sana do irreal. (PENSA...) é esta a história! Que não seja bajulador nem cruel, para com o amor, apenas sincero.
Situo minhas criaturas, em tempo hoje, agora. E no mesmo habitat a mim pertencente.

HENRIQUE - Henrique. Quem da nobreza hoje atenderia por tal, fazendo jus à aristocracia? Ao ter sido, repetidamente utilizado através de longos anos, significados coleciona. Mas nenhum que se assemelhe ao poder. Cujo valor, não pertence mais necessariamente a tal. Se como patronímico, em algum lugar faça jus, aqui de simplório é tido. Dos tantos que conheço; por ouvir falar, vê-los...E até mesmo amizade de alguns ter. Mas que nenhum deles, é Henrique por motivo de sanguinidade. Os verdadeiros Henriques, em lápide foram registradas suas mortes. Outros também chamados Henrique, mas menos Henriques do que os exaltados pela história. De sepulcros, muitas vezes alheios ao que conhecemos em cemitérios. Oh... Senhorio é o que não sou. Os nomes. Ah...Os nomes. Se por qualquer outro som atendêssemos perfeitamente, para que de nomes precisaríamos? E se os mesmos por sua vez, não de nomes fossem chamados. Ou mesmo que assim fossem, tais sons. Valores semelhantes qualquer nome tivesse. Não representando assim seus bens, mas por ser diferente apenas. (LEVE HUMOR) Se batizada por Maria e por Mary não atenderes...Em sua razão estás. Visto que tal não pertence a tua língua. Agora se em outro país estiveres, e por Mary fores chamada. Aí sim! Com certeza!...Sem dúvida! Ainda assim não deverás atender. Visto que, no exemplo por mim citado, o diferencial refere-se apenas ao país. Podendo naturalmente, este outro país ter também, nosso idioma como oficial. (VOLTA À SERIEDADE). E voltando ao Henrique. Se por tal perguntares, por estima ninguém o conhece. De que vale supostas qualidades? Para com o trabalho ser dedicado, não menos com a lealdade... De decência e moral ser dotado. Dentro de uma condição social ditada pelo interesse.
A virtude também tem seu valor! Mas em que território podemos comprar respeito? Com este dinheiro chamado virtude. Onde podemos fazer uso de nossa moeda chamada princípios? Se em nosso fundamento habita o eterno...

Resta-nos a expectativa de valorizá-la. Ou mais ainda, de buscar sua importância antes de partirmos. (INTROSPECÇÃO) Qual a validade do que somos? Onde poderemos ir? Ou este prestígio morrer..., Se não continuar a existir, limitado a uma formalidade hipócrita. Que finge nos considar importantes, pelas nossas virtudes. Homem e dinheiro, quem manda em quem? Até onde poderemos crescer? Enquanto o lado material tiver tal domínio.

ERNESTO - Sendo eu mesmo quando escrevo. Então também, quando sonho ou choro, através de meus frutos. E estes, da arte netos. Sim! Mas o que mais urgentemente convoca nossos corações, diz respeito ao amor. E, com merecida saliência à sua harmonia, devo dizer que, em seu caminho há também espinhos. Quem nunca decepcionado foi pelo até então considerado amor? Ou mesmo, amor sendo, por motivos justificáveis, não a tenha ferido? São oscilações corriqueiras do dia-a-dia, que se não assim fosse, de vida não chamaríamos. E falando de um item de suas variações. O costume, experiência. Podem ser vistos como elementos primordiais no amor. Quem não vivenciou? Ou descrição ouviu. De pessoas que ao se conhecerem nada os atraiu, e que em algum tempo depois, um amor real edificou-se entre tais. Ou em contexto avesso, de que a primeira vista um suposto amor ergueu-se, e que em fáceis contáveis dias, um fraco vento o levou ao infinito... Não entenderia de bom siso, tais argumentos como determinantes inquestionáveis. Mas ao mesmo tempo, não limitaria seus valores ao mediano. A vida não é uma fórmula definitiva. E sim conceitos e formas, em mutação e crescimento. Quando se ama alguém, e por mais triste motivo que seja, termine. O amor não morreu. Sem forças, cansado... Mas vivo. Naturalmente precisa-se de tempo e atividades para sua renovação. E quando revigorado encontra-se, certamente sorrir para outros olhos. O que tem a concordância das naturais normas humanas. O costume... Através da lembrança, pode nos dizer algo do passado, a lamentarmos. Mas precisamos repousar no leito da razão e entender, que houve e haverá dias melhores e piores. Algumas transições, às vezes precisam destas diferenças. Quem imaginaria o arco-íris mais belo? Se de apenas uma cor vestir-se.

CRISTAL - (COM HUMOR. OLHA-SE BEM NO ESPELHO, E EM SEGUIDA REFERINDO-SE A SÍ)...E de tanto imaginar assim fiquei. Não, não... Só imaginei..., Imaginei! Só questionava-me, até que ponto esta imagem segue fiel ao que sou. Se assim como uma fantasia, é nascido do que imagino. Ou vai além? Tendo vida própria dentro do que nossa consciência capta como real. ...É... Pode ser muito para uma resposta tão rápida. É suficiente saber, que simples pensares do dia-a-dia não podem, em condição alguma! Confundir-se com loucura. E não por esta ser um desvio absoluto. Porque tudo que a separa de nós, lucidamente falando, é a dificuldade comunicativa. Que certeza temos da incoerência de seus atos? Por exemplo: De beijar os lábios de uma estátua, com tamanho amor e carinho... Como se esta tivesse vida e correspondesse a tal afeto. Nossa lucidez pode ser uma loucura, do ponto de vista lúcido da loucura do indivíduo. O absurdo entendido, na leitura de nossa suposta sanidade, pode ter vida própria. Dentro de plena ação da razão, em circunstâncias, ainda desconhecidas. Ah... Mas sem este ou aquele juízo, fico mesmo, se assim continuar. (COM MAIS SERIEDADE) Mas continuar precisarei mesmo.
Por onde? Esta estrada há tanto percorrida não me satisfaz. Quase paradas não fiz, e das feitas não me agradaram. Por mais que o horizonte paire frente aos meus olhos, tudo que vejo é insuficiente para mostrar-me a chegada, ou ao coração aquecer.

E indagar se há, se há... Chegada. E não quero dar a volta, o último trem já se foi. Adeus, adeus... Adeus. Refletir sob meus rastros talvez não fosse o propício. Menos ainda peculiar seria. Seguir, seguir, seguir! Sem olhar para trás. Além do mais, não percebo nenhuma repreensão do siso. Então a examinar, nem que por um pouco, o registro honorário que me trás até aqui... Agora. (PENSA...) É, também irreal seria dizer: nunca errei. Entre ganhos e perdas, encontram-se presos e certamente intocáveis no baú do tempo. De certa forma, não a mim mais pertencem. Em tais circunstâncias, é de bom senso entender, que tudo e o mais coerente a fazer, é aprender com os contras e aperfeiçoar os prós.

ERNESTO - (REFLEXÃO) Debruçado sob doses de reflexão, um breve ato compus. Repleto de indagações sobre a vigília. E não ao que alheio de seu ser estar, embora o pertencendo. Mas ao que, de suas intenções pertencem. De seu desejo. Também como de seu riso e choro, euforias e monotonias, atos e recalques... É o que realmente nos constrói, bons ou ruins; melhores ou piores. Inegavelmente próprio de si; intrínseco.
(PENSA...) Virtude, céu... Calmaria. Sinônimo alvo do ideal humano. Pensares, menos místicos e complexos, podem expressar algum entendimento neste rumo. E dos ingredientes, disciplina e meditação tem lugar privilegiado. O esforço, para dominar as manifestações internas, tem valor supremo. Tendo como principal diferencial entre nós animais, o raciocínio. Não sendo guiado pelos instintos, como tais. Mas, pensando e decidindo o que fazer. Como, quando e por que.(REFLEXÃO) E em quais das bocas, tais sons poderiam soar? Minha imaginação, criando voz própria, corpo, pensamento, vontade, desejo...Vida. Na arte... Ou ao meu ideal, apenas fazer jus. Tornando-se vida apenas as idéias e desejos, conseqüentemente emoções. E que, independente das condições por mim aceitas, convém alertar, citar, destacar: a disciplina e vigília. A par com todo domínio de si.
É o que se pretende dar vida.

CRISTAL - (COM SENSO DE HUMOR) Oh...Cristal. Quão vil é sonhar com um príncipe num cavalo branco. Mas e o castanho? Cinza, preto... Pobres animais vítimas do preconceito e desdém, embora inconsciente. Sem falar no suposto dono do lisonjeado branco. Que em vez de príncipe, não poderia ser um operário? Porque do contrário... Poderíamos chamar a isto de amor? E sendo tal um operário, existem aqueles de míseros centavos, que não equivalem a um pônei ao menos.


ERNESTO - Se pôr Ernesto eu não atendesse, quem sabe se por curioso não teria sido batizado. Ah... Se a existência a mim sorrisse. E na correnteza disto, de seu verossímil... Ou mais ainda, se de seu realismo! Compartilhasse. Dando-me a liberdade do abuso, nela dormiria. Despojado de mentiras e de todo parecer verdade! (PENSA...) Quanto tênue às vezes pareço ser. Mas só falava mesmo da utopia, o que nenhuma nulidade atrai-me. (PENSA...) Súdito a nenhum sentimento, o homem deve ser conformado. Mais do que sua tez, todo seu ser deve simbolizar jurisdição. E por que não vivacidade? ...Também.

OS TRÊS FALAM SEM PAUSAS, SEPARADAMENTE. CONSECUTIVOS.

CRISTAL - O amor...

HENRIQUE - E por que não chamar de dor em vez de amor?

ERNESTO - Quem amando estar, controle de si já perdeu. Antônimos e sinônimos se dão às mãos. O equilíbrio como associação de destinos.

HENRIQUE - De que o poeta fala?

CRISTAL - Muito a si é fiel.

HENRIQUE - Por quê?

ERNESTO - Porque o que nesta vida se junta, na mesma continuará. E se por algum motivo pensares não, certamente não havia mesmo junção. Por tanto se questionam, o que é o amor?

HENRIQUE - Bom... Não saberia responder...

CRISTAL - Porque é sua vida, tanto quanto a de outros pela identificação.

HENRIQUE – Recorrendo à enciclopédia, na ânsia de sua face conhecer. Entre tantos outros, a dor há de estar registrada.

CONTINUA APENAS O ERNESTO

ERNESTO - Às vezes me interrogo o que é a vida. E sem explicações mais profundas ocorre-me imaginar lá do alto, olhando a humanidade. Transitando, agindo, correndo... Como formigas sem rumo. Vendo o homem perdido na agitação da crescente população.
E em outra corrida nada menor. Pela ganância, corrupção, deslealdade, furto. Sendo isto, apenas um pouco do que se pode ver.
É assim que os vejo. Sem saberem de onde vêm nem para onde vão.
E toda certeza que se tem é a dúvida. Hipótese, suposição. Sendo nesta viagem, toda comprovação que se tem, é a prática, o empírico.
Será que devemos dar uma explicação hipotética, apenas por temermos a frase: não sei? E não respostas cobrarei, pois de bom uso será se para tais, tenhas onde guardar. E não por motivo menor. Mas para sua reflexão. E mais ainda! Prática constante, e todas as divisões dentro do que se entende por vida.
É de bom senso admitir até onde conhece e não até onde supõe. O mistério ainda e para muitos rondará em nossos dias. A cadeia alimentar é prova, de que a natureza tem sua própria e independente inteligência. De futuros e mais profundas explicações, consiste esta busca. (PENSA... E EXPLICA-SE PARA PLATÉIA).
Ao contrário do que podem estar pensando ou virem a pensar, não simpatizo nem compartilho do ceticismo, ou algum semelhante. Sou-me apenas razoável em relação a tais. Não pertenço a tal, situo-me entre as duas cores. Investigando-as...

HENRIQUE - Onde encontraria eu? Alma de análoga sensibilidade. Que da natureza fosse fã; dos poemas: leitora assídua. E um olhar distante...

Vendo mais do que o agora presente possa nos dar. Aprisionando desejos impróprios.
Mas cabíveis a todos aqueles, ainda presenteados pela existência carnal. Decentemente espera, aquele que a tanto faça jus.

CRISTAL - (EM ORAÇÃO) Tu que surtes o sorriso do inocente, o oceano, galáxia. Tanto como ar que nos mantém vivos. Tudo que nossos sentidos possam apurar, a mente nos levar... Aqui estou. Humilde e obediente, a pedir-te o que careço para felicidade. Mais do que minha imperfeição possa descrever, ó deus! Saberás tu, o que me dar. Que nossa glória seja a vossa.

HENRIQUE - Oh deus! Se meu merecimento não fosse tamanho, por que me daria uma pérola, que logo me tirou? Como se faz com o pior dos cães, que ao saber que este é brincalhão, toma-lhe o osso. Que dívida tamanha. Subornar a vontade por temer uma punição dos céus. Que preço, meu instinto paga por ser acorrentado. É o que vale um lugar à luz. Errático é ficar. E talvez... Mais ainda partir. Perambular, perambular... Atroz é o que se vive; indo ou ficando. Radiante não existe, onde tudo que sinto: pesa ofusca... Incomoda.

CRISTAL - Devo confessar a ninguém mais que minha alma. Que me assusta pensar, em condições de quem sobrinho tivesse. E não apenas supor, quando a idade por tia tratar-me. Menos o que dizem sobre mim, mas o que preciso sentir e viver, o amor. O encontro comigo mesmo. Duas metades, que, embora, nunca separadas tenham sido, por unir-se anseiam. Mais que isto, unificar-se. E mais que um pensamento cristão, é uma carência humana. No resumo de todas as necessidades, obrigações e anseios do ser, nada mais me resta do que seguir. Cônscia do suplício, nesta jornada ímpar. Não por ausência do desejo, mas por uma exigência... Quase pretensiosa da decência! ...Da moral.

HENRIQUE - (CONT. DO EST. DE ESP. CENA ANT.) Não queria por eu mesmo ter compaixão. Se a ti não admites mérito, quem em tal validade apostaria? Se por fraqueza, que não seja das piores, esforço foi feito para não assim ocorrer. E com saliente diligência, para o desejo concretizar. (PEGA UM REVÓLVER NUMA GAVETA AO LADO E FALA PARA TAL) Nem um pouco de vida constitui-se, para com versatilidade transportar-me. Que ironia de si, querer que um inanimado devolva-me a vida, além da que conheço. (DELÍRIO) E por mais que agora confidenciemos, sejamos íntimos... Jamais acreditaria em sua benevolência. Porque tudo que sinto, me sufoca..., Doe-me a alma! (TRATANDO A ARMA, COMO ESTA SENDO A QUINTESSÊNCIA DO MAL) Toda esta pulsação envolta, arrasta-me... Pelas vísceras. Como se tudo fossem uivos... Sombras. (APONTA A ARMA PARA CABEÇA. E. NUM EST. DE TRANSE... ALUCINAÇÃO) E por mais que os pássaros assobiem! ... Não consigo abraçar sua melodia... (PARECE ESTAR OBEDECENDO A ALGO QUE SE COMUNICA COM ELE) Sim... Leve-me... (DE REPENTE EM AFLIÇÃO, TIRA A ARMA DA CABEÇA) Não! Não! não!
Que todo reflexo de mim fuja. Não quero ver uma expressão vergonhosa e covarde do fracasso. Se ao menos pudesse chegar ao fim! Ao fim do que conheço e pouco tenho. E um começo do que não sei. Deus! Dar-me a vida da vida, é o que te peço. E não apenas existir. (NUM TOM DE CALMARIA, INTROSPECÇÃO) Parece a consciência, sendo roubada... Ou presenteada.

(SURGE ERNESTO, ESCREVENDO CONFORME SUAS AÇÕES, COMO AS ESCREVENDO) Querer dizer-me... Que há um ou mais motivos para continuar (ACALMA-SE E FICA PENSATIVO...).

CRISTAL - Filosofar agora me parece impróprio. Na condição, de que tudo que se quer é amar. (PENSA...) Se a filosofia, por sua vez não se fizer veículo para tal viagem, de que então irei? Se a mortalidade me priva de ser alada.
É lícito ir, mas como? Por onde? Vaguear...Não, isto não. Se por muito atardar, talvez perca a hora. Se humana sou, esta sentença preciso cumprir. Mas não esvoaçando! Desnorteada. Uma direção... Luz, marco, sinal. (PENSA...) Por onde ir? Quando mesmo escolhido o caminho...A minuciosidade reinará. Também nunca apostando três, quando tais são os únicos que lhes resta. E assim valorizando a prudência. Quando está perdida... Ou quando menos ainda, simplesmente não foi achado. O que se deve, é procurar e procurar. De maneira cautelosa...E incansável. Acreditar, pois é desta crença que se acorda. Passando da fantasia ao real.

ERNESTO - Com provas e/ou estimativas, ou até mesmo nenhuma destas. A vida nos propõe porquês para continuarmos. De um ponto de vista como criaturas somos todos irmãos. Inclusive das estrelas, lagos... Florestas. E o que nos convida cada dia para tanto é o amor.
O meu, o seu, o deles... Em algum lugar estar. (PENSA... E FALA COM TOM DE HUMOR) A pessoa que cada um procura, existe. Como também a que não procuramos, não seja necessariamente um fantasma. Pelo menos para alguém. O que isto não diz, que existamos para aquela que exista para nós. Mas que isto também não diz, que mesmo nesta condição última, por mim citada, seja motivo para infelicidade. Visto que, os caminhos da felicidade não são ilimitados. Assim como o tronco precede seus galhos, assim também, naturalmente na vida, existem opções para um determinado objetivo. Concluindo! O amor de cada um é imortal, perpétuo. Não necessariamente, o que sentes por alguém, mas o de si; próprio... A fonte.
PÔR-DO-SOL, NA BOCA DE CENA.

HENRIQUE - (NUM ESTADO MÁGICO, POÉTICO... E UM POUCO ALEGRE) Oh... Colorido crepuscular, se teu iluminário falasse. De seu estado magistral pode-se ver mais, por tanto entender... Crê, prosperar. E não apostar em qualquer. É... Apesar de sua magia, não sei se o panteísmo seria suficiente, ou mais ainda seria... Algo de abrangência além. (PENSA...) Paz... Quando de mãos dadas comigo estás, as metas parecem-me mais claras, os passos seguros. Sabendo quando e como, o próximo movimento. Paz... Paz. A clara bandeira é erguida, entre os guerreiros irmãos que se conflitam dentro deste campo, menos de guerra. Estratégias são estudadas, para que a harmonia se estabeleça...

CRISTAL NA BOCA DE CENA, AMBIENTE AO AR LIVRE.

CRISTAL - (BEM TRISTE, AO LUAR) O ímpeto tenaz por meu amado, às vezes cessa, ofusca. Enquanto outrora a mim apresentava-se tão límpido. É que o tempo não espera. E assim sendo, os seletivos engatinham neste chão. (REFLEXÃO) Poemas... Flores... Se por si só a mim viessem, enfeitando-me. Mas não, ainda com a dor de todos os ímpares. Certeza... Incerteza. Numa busca cambiante. Mas se não assim fosse, vida não haveria de ser.

E o que direi? Felizmente? Ou infelizmente? Por assim ser.
É questionar, pensar. E quem sabe a resposta esteja logo à frente.Se parada continuar...
O que quero poderá não vir. Não aceitando... Mesmo de modos menos gentis não serei par.
Ou permitindo-me a isto, parcialmente feliz. Mas é suficiente? Onde fica o valor humano? E mais ainda, o amor próprio! Parcialmente feliz e cultivar a dúvida. Como se encontrar? Quando se estar sob o domínio de tamanha reflexão... E como ser infeliz num mundo de tantas opções? Difícil é a procura. Mas também, o que isto representa diante do convívio com quem não a ama, não a tratando conforme o merecimento. Uma devoção, peculiar e necessária a um casal, um conjugue. (PENSA) Sem mais sonhos ou apenas planos. Um acontecimento simplório e ao mesmo tempo sublime. Se tiver de ser, acontecerá em qualquer das estações, semanas, dias... Com o testemunho do sol ou da lua. Na mais quotidiana das atividades. (PARA O CÉU) Oh... Lua! Como és linda!... Beleza que veste sua cor, forma. E em todos ângulos a mim parece estupendo. Nem que dos melhores vocábulos proprietária fosse, não conseguiria fazer de tais teu reflexo. E as estrelas? Ah... As estrelas! Como menor fico diante de vocês. (PARA SI MESMO) Cristal...Nem que em cristalografia versada fosse; de seu coletivo a dona... E ainda o amanhã previsse, através da cristalomancia! Virtudes faltar-me-iam para aproximar-me de ti. (A SI...) Por que não repousar? E agora... Qualquer palavra a sentir ou expressar, seria de todo já dito.

CENA II

PEQUENA VITRINE. NESTA, UM LINDO BUSTO EM MADEIRA AMARELADA. UM HOMEM ESPANANDO OUTRAS PEÇAS AO LADO. CHEGA HENRIQUE.

HENRIQUE - Amigo Lázaro...! Sendo ti, senhor das novidades, e estas por sua vez, peculiares da renovação, devo presumir então, ter trazido algo de minha afeição.

LÁZARO - Henrique! Afeição esta, que se estende a mais alguém?

HENRIQUE - Sem nenhuma das tantas dúvidas Lázaro. E exemplo disto, é a que compartilho com o amigo.

LÁZARO - Mesmo lisonjeado sinto dizer-lhe que me referia a outra estima, que não se entende por amizade.

HENRIQUE - Devo dizer-lhe, ter compreendido-o desde as primeiras sílabas tornarem-se sons. E por motivo de diversão, quis brincar com tal assunto. (MEIO TRISTE) Não sabendo até que ponto deve-se gracejar com o dano.

LÁZARO - Cônscio do que o amigo tem passado, devo adverte-lhe de que a vida continua, e não podemos desfazer o ontem, e sim proceder. A mesma pessoa certamente não encontrará. Mas alguém sim. Que não se espelhe a mais nem a menos. Mas apenas ao amor, o amor... Dentro de si. Resgate-o!

HENRIQUE - (PENSA UM POUCO, ALEGRA-SE) Ainda uma névoa lamentosa impede-me de olhar em outra direção.

LÁZARO - Digno de sabedoria como bem o conheço. Surpresa a mim não será, se em curto tempo! Achares a estrada de volta para a vida, que outrora a tivera tão bem.

HENRIQUE - Que suas palavras representem, também, seus votos. E... No grau que prezo seu discernimento e moral, nada seria mais cordato, do que se permitir ser guiado por tais conselhos.

LÁZARO - Diante de tamanho elogio e flexibilidade, nem sei com quais palavras retribuir-lhe.

HENRIQUE - Pois ficai com tais para uma próxima, que minha torcida será para oportunidades virem...

LÁZARO - E assim sendo o prazer será meu, como humilde anfitrião, servi-lhe. (HENRIQUE AGRAD. COM UM SORRISO) Agora se me der um momento, precisaria terminar alguns afazeres. (SAI. PASSANDO POR UMA PORTA NO FUNDO DA LOJA).

HENRIQUE - "Por favor", faça isto. Enquanto apreciarei as esculturas.

LÁZARO - (APENAS SUA VOZ) Sinta-se em seu próprio habitat!

HENRIQUE - Pois é o que faço, Lázaro.

O HENRIQUE PEGA A ESCULTURA AMARELADA E FICA A APRECIÁ-LA. ENQUANTO ISTO CHEGA A CRISTAL.

CRISTAL - Não querendo ser-lhe indelicada, mas esta peça a mim pertence, moço.

HENRIQUE – Querendo menos ainda, ser-lhe hostil. Lamento dizer-lhe, que da mesma já propriedade fiz.

CRISTAL - Ainda hoje cedo aqui passei, e sua reserva pedi.

HENRIQUE - Não ousaria discordar de suas palavras, mas se a mesma na vitrine encontrava-se, a venda estava.
ENTRA LÁZARO.

LÁZARO - Perdoem-me: a Cristal por esquecer sua reserva, e ao Henrique, pelo que isto lhe causou.

HENRIQUE - Por mim já perdoado está. E uma compreensão que me faz, por obrigação! Passar o direito à senhorita.

CRISTAL - (RECEBE E SORRIR COMO AGRADECIMENTO) Perdoado sinta-se, senhor Lázaro. Sem falhas... Até poderíamos ser mais, ou até menos que humanos. Mas não humanos propriamente seríamos. E quanto ao moço, as minhas desculpas. Sem dúvidas, agi sem cautela. Coberta de impulsos e desnuda de qualquer temperança.

HENRIQUE - Aceitas já estavam, ao entender as circunstâncias.

LÁZARO - E para melhor ainda compreenderem-se, apresentações serão feitas. Esta decente senhorita, e seus pais... Não menos respeitosos. Clientes meus há muitos anos são.
(AO HENRIQUE) E no ensejo da situação, tenho o que revelar. Audaciosamente! Tomei a liberdade... De sem sua autorização ou ao menos conhecimento, falar-lhe da pessoa que és como bom homem. (À CRISTAL) Bom este é o Henrique, o qual havia-lhe falado. E esta é a Cristal, não precisando falar-lhe mais de sua índole...

HENRIQUE - Lisonjeado deixou-me... Mas também tímido Lázaro.

CRISTAL - Pensei referir-se à ficção, quando de tal pessoa falava-me, senhor.

LÁZARO - Pois lhe digo mais. Não menos sinceras foram minhas descrições, do que a verdade de sua existência.

CRISTAL - Não duvidaria do senhor nem por um instante.

HENRIQUE - O teor disto tudo me roubou as palavras.

LÁZARO - E para melhor celebrar a todo este acontecimento... Quero dar esta escultura como presente. Com uma condição: que seja para os dois. (O CASAL OLHAM-SE, SEM ENTENDER) Vamos! Só precisam dizer sim, tudo bem?

HENRIQUE - Aceito! Obrigado Lázaro.

CRISTAL - Com grande prazer, obrigado... Lázaro.

OS DOIS SAEM DEVAGARZINHO PARA BOCA DE CENA. ENQUANTO LÁZARO FICA PARADO ATRÁS, POR ENTRE OS DOIS, CONTENTE. OS DOIS PARAM NO CENTRO.

LÁZARO - Façam bom uso (ENTRA NA LOJA, SAI DE CENA).

HENRIQUE - Com quem o presente fica a princípio?

CRISTAL - Importa-se que seja comigo?

HENRIQUE - Não compartilharia de tamanha contradição dizendo-lhe sim. É claro que não me importaria.

CRISTAL - E se lhe impor uma condição? ...Que vá visitá-la de vez enquando. Se assim desejar!

HENRIQUE - Um convite tão docemente feito, exclui toda e qualquer possibilidade de recusa Cristal. Por menor que seja. Convencendo-me de coração a dizer-lhe sim. Com todos significados de afirmação... Possíveis, cabíveis na extensão desta resposta.
(SORRIEM. DÃO-SE AS MÃOS E ATRAVÉS DOS OLHOS, INTIMAMENTE CONFIDENCIAM SEU AMOR, E DE MÃOS DADAS, LENTAMENTE VIRAM-SE PARA O FUNDO DO PALCO. CAMINHAM DEVAGARZINHO, ENQUANTO A LUZ VAI APAGANDO... ESCUTA-SE A VOZ DE ERNESTO).

ERNESTO - E... Com um amor, novo ou não. Renova-se a vida. Bem... Acho que é esta a metáfora.


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FIM.

Marcondes De Carmo
Tel.: 6472 1092 e 7207 8743.
E-mail: soeuevc2000@yahoo.com.br
Ator, DRT: 18.611/SP.

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